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A importância da agenda ambiental nas eleições de 2022

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RIO DE JANEIRO Vista aérea da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro-RJ. © Henrique Murta/Concurso de Fotos TNC 2019

Os dados e análises vindos da ciência têm deixado cada vez mais evidente a importância da agenda ambiental para o desenvolvimento econômico dos países e para o bem-estar das sociedades. Já temos informações suficientes que comprovam que há um falso conflito entre a floresta em pé e o desenvolvimento, o que faz com que a implementação de uma economia de baixo carbono não seja apenas viável, como também imperativa e urgente. Aliado a isso, os enormes desafios que vivenciamos em nosso país – e que podem ser agravados pelas crises de clima e biodiversidade, reforçam a exigência de uma mudança de postura nos padrões de produção e consumo, por meio desta transição.

Embora os esforços de apoio ao clima e biodiversidade sejam globais, é fato que o Brasil vive um momento de desmatamento desordenado em regiões estratégicas. Diante dos problemas complexos que envolvem esta questão, é fundamental que a liderança dos governantes seja feita pelo exemplo, apontando respostas efetivas ao tamanho desses desafios e contribuindo na definição de caminhos claros para a colaboração com a sociedade, empresas, setor financeiro e demais instâncias governamentais. Por isso, as eleições oferecem um momento importante no exercício da democracia para a escolha dos representantes mais bem preparados para liderar estas respostas. E, claro, não se encerra neste momento. Cabe à sociedade exigir informações detalhadas, acompanhar e cobrar a implementação, monitoramento e avaliação das ações.

É inegável o potencial do Brasil e sua posição privilegiada na agenda ambiental e para aproveitar este diferencial comparativo é essencial ouvir a ciência e as demandas para a adoção de salvaguardas climáticas e ambientais, se afastando de modelos de desenvolvimento que acirrem ainda mais as emergências do clima. As lideranças políticas têm, assim, a responsabilidade de garantir o desenvolvimento econômico e social sustentável, reconhecendo os problemas e criando estratégias para cada um deles. E na lista de prioridades da agenda de sustentabilidade do Brasil a otimização do uso de recursos naturais e o cuidado com espécies nativas, verdadeiros patrimônios nacionais, ocupam os primeiros lugares.

A agricultura, setor responsável por 27,4% do PIB brasileiro em 2021 (Cepea/CNA) e cuja prosperidade depende da sustentabilidade de toda a cadeia produtiva, têm um papel fundamental nesta jornada. Embora haja avanços no setor e diversos produtores têm adotado um modelo de produção sustentável, os desafios em relação à especulação de terra, desmatamento e conflitos com povos indígenas e comunidades tradicionais precisam ser endereçados, assim como a questão de falta de recursos e capacitação técnica aos produtores. Conservar biomas e produzir alimentos sem desmatar é o único caminho para gerar resultados positivos para todos no longo prazo, tendo em vista mercados cada vez mais competitivos e exigentes.

O setor de energia é outro que tem um enorme potencial de investimento para fomentar a transição para uma matriz totalmente renovável. Esta mudança poderia ajudar a solucionar os problemas de distribuição de energia no país ao mesmo tempo em que ofereceria oportunidades para uma mudança na logística nacional, por meio da criação de frotas rodoviárias à base de energias renováveis.

Políticas públicas que apoiem estas e outras mudanças necessárias, que sejam inclusivas e que garantam a credibilidade dos processos trazem para o Brasil a oportunidade de exercer sua liderança, gerando empregos qualificados, segurança e crescimento econômico. Além de dar esperança de um futuro melhor para os jovens do país, que se deparam com pandemia, fome e desemprego.

Neste contexto, o papel da TNC, como ONG baseada na ciência e não confrontacional é apresentar subsídios técnicos e científicos, ajudando a desenvolver, implementar, divulgar e medir as soluções necessárias. Foi assim que ajudamos a criar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que integra o novo Código Florestal, e a Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI), por exemplo.

Seguindo nossa visão e valores comprometidos com um diálogo aberto e com alto nível de transparência, temos buscado conscientizar as pessoas de que as mudanças climáticas já são um fato e reforçar a importância de ações concretas em prol do clima e da sociobiodiversidade, com ampla participação de diversos setores da sociedade brasileira.