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Projetos de inovação social fortalecem comunidades da Bacia do Tapajós

Seminário apresenta o resultado de projeto de inovação social e de aproximação da universidade dos territórios, com resultados positivos e protagonismo de alunos indígenas, quilombolas e ribeirinhos

Há dois anos uma parceria entre a The Nature Conservancy (TNC) Brasil e Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) abriu espaço para que estudantes indígenas, quilombolas e ribeirinhos apresentassem propostas para impulsionar o desenvolvimento econômico da sociobiodiversidade da região de Santarém/PA. Estamos falando do Projeto Inovatec Sociobiodiversidade, que contribuiu para a inclusão de jovens universitários oriundos de comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas em projetos de pesquisa e desenvolvimento.

Das propostas apresentadas, seis foram selecionadas e 30 alunos de diferentes graduações da Ufopa receberam uma bolsa por 24 meses no valor de R$ 400/mensais para desenvolverem os projetos sob orientações de professores da instituição. Cada uma das seis propostas selecionadas recebeu também um prêmio de R$ 30 mil. Os projetos tiveram por objetivo agregar valor a produtos tradicionais e contribuir para a implementação de novas tecnologias nas comunidades da Bacia do Tapajós.

Agora, dois anos depois, esses alunos vão apresentar os resultados dos seus trabalhos, explicar como desenvolveram as propostas e contar um pouco dos desafios enfrentados. As apresentações fazem parte do II Seminário Inovatec Sociobio: pesquisa e inovação como meio de valorização do conhecimento tradicional, que será realizado nos dias 28 e 29 de novembro em Santarém.

Quote: Juliana Simões

O objetivo foi fortalecer o vínculo dos alunos indígenas, quilombolas e ribeirinhos aos seus territórios, a partir do desenvolvimento de inovação e mudança transformadora relacionada às cadeias de produtos da sociobiodivesidade em suas comunidades.

Gerente Adjunta de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais

Os projetos contemplados incluem o incentivo ao empreendedorismo na produção de cerâmica do povo indígena Munduruku; o fortalecimento da cadeia agroextrativista de açaí na comunidade do Maicá, da cadeia do cumaru e da castanha-do-pará no quilombo do Pacoval em Alenquer, e da cadeia da Andiroba com as “Amélias” da comunidade São Domingos, na Floresta Nacional do Tapajós; o desenvolvimento de tecnologias para redução dos níveis consumidos de mercúrio em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas; e o apoio à produção de tambaquis em tanque-rede, com produção de ração a partir de resíduos agroindustriais das próprias comunidades.

Segundo a gerente adjunta de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da TNC Brasil, Juliana Simões, os projetos tiveram resultados bastante expressivos. “O objetivo foi fortalecer o vínculo dos alunos indígenas, quilombolas e ribeirinhos aos seus territórios, a partir do desenvolvimento de inovação e mudança transformadora relacionada às cadeias de produtos da sociobiodivesidade em suas comunidades, além de valorizar a sociobiodiversidade e manter a floresta em pé. E os resultados foram muito bons. No caso da castanha-do-pará, por exemplo, a melhoria levou à redução das perdas e ao aumento da qualidade e hoje essas castanhas estão sendo vendidas a um preço três vezes maior”.

Vale lembrar que os projetos de inovação social são aqueles que construídos com as comunidades, a partir de seus saberes e conhecimentos, e de baixo custo para que possam ser efetivamente replicáveis e transformadores.