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COP15: Conferência de Biodiversidade da ONU define metas históricas

Mesmo com os atrasos da pandemia o Novo Marco Global da Biodiversidade está definido, e agora o trabalho realmente começa...

Chinook salmon leap upstream during their fabled migration
ARARAS AZUIS Um casal de arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) acasalando no Pantanal. © Matthew Scott/Concurso de Fotos TNC 2019

Enquanto os olhos de bilhões de pessoas estavam fixados nos campos de futebol no Catar – a milhares de quilômetros de distância, em Montreal, um resultado ainda mais importante foi obtido na Conferência de Biodiversidade da ONU, a COP15. Após anos de negociações meticulosas o acordo no Novo Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, nosso roteiro internacional compartilhado para sairmos da crise ecológica e em direção a um mundo mais positivo para a natureza, foi finalmente aprovado nas primeiras horas da manhã canadense.

Na semana passada, quando ainda vivenciávamos um impasse, o diretor Global e Políticas e Financiamento para a Conservação da The Nature Conservancy, Andrew Deutz, comentou sobre um possível resultado positivo e afirmou:

“Em um cenário de declínios ecológicos dramáticos, em função das pressões causadas pelo ser humano, o mundo precisava desesperadamente que o acordo da COP15 fosse definido e isso aconteceu marcando uma vitória para as pessoas e a natureza.

A pandemia pode ter atrasado os planos da China de sediar a COP em Kunming depois de muita perseverança, mas sua delegação conseguiu levar o Marco Global da Biodiversidade para a linha de chegada.

Este é um resultado histórico para a natureza. O Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal define um modelo internacional há muito tempo necessário para guiar uma mudança coletiva no destino da natureza nesta década crucial.

Os destaques incluem a adoção da meta 30x30, para garantir a conservação efetiva de 30% das terras, mares e águas doce do mundo, e condições para a mobilização de recursos até 2030, garantindo os fundos necessários para financiar a transição para um mundo mais positivo para a natureza, preenchendo a lacuna anual de aproximadamente US$ 700 bilhões no financiamento da biodiversidade e garantindo que todos os fluxos financeiros públicos e privados se tornem positivos para a natureza ao longo do tempo.

A meta do Marco sobre divulgação das empresas sobre o risco à biodiversidade também envia um sinal poderoso para as corporações de que devem ajustar seus modelos de negócios e estratégias de investimento em direção a uma economia positiva para a natureza.

Nessa questão, foi animador ver crescendo em Montreal o impulso em torno do financiamento da biodiversidade por meio de iniciativas como os movimentos High Ambition Coalition, Leaders' Pledge for Nature, 10 Point Plan e Project Finance for Permanence (PFP).

Em um momento como esse, devemos comemorar, com razão, a conquista dos negociadores e da sociedade civil na entrega deste acordo, ao mesmo tempo em que reconhecemos que ele representa o fim do começo, e não o começo do fim, da crise da natureza.

Vi em primeira mão em Montreal quanto esforço os negociadores, a sociedade civil e as ONGs investiram para alcançar esse avanço. Mas para a comunidade global da biodiversidade, a próxima fase de trabalho árduo começa agora: integrar a arquitetura do Marco na política nacional que proporcionará um progresso significativo onde é mais importante, nos ecossistemas ameaçados, que representam o sistema coletivo de suporte à vida do nosso planeta.

A The Nature Conservancy (TNC) está pronta em nossa rede global para apoiar o que espero que seja um salto gigantesco no relacionamento da humanidade com a natureza, por meio do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal.”

Elaborando mais sobre o resultado de Montreal, a Diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira, afirmou:

“Para que o marco pós 2020 seja um sucesso, nós precisamos de metas ambiciosas, financiamento e que os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais sejam reconhecidos e fortalecidos. Também precisamos que a meta 30x30 e a abordagem positiva para a natureza sejam melhor explicados e identificados mecanismos efetivos para a sua implementação”.

O texto completo do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal pode ser acessado aqui