Florestas e Restauração Florestal

As florestas são a resposta para combater, ao mesmo tempo, as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade.

As florestas moldam o equilíbrio da Terra. São elas que regulam o clima, protegem nascentes, abrigam a biodiversidade, sustentam modos de vida e alimentam economias. São elas que, em silêncio, garantem os ciclos da vida. Quando bem cuidadas, seja por sua conservação ou sua restauração, tornam-se aliadas poderosas no enfrentamento de três grandes crises do nosso tempo: a emergência climática, a perda de espécies e a desigualdade socioeconômica.

No Brasil, onde algumas das maiores florestas tropicais do planeta ainda resistem, o potencial de transformação é tão vasto quanto a própria paisagem. Proteger o que permanece e recuperar o que se perdeu é mais do que uma responsabilidade: é uma estratégia inteligente e urgente para garantir segurança hídrica, reduzir emissões de gases de efeito estufa, reconectar ecossistemas e impulsionar uma economia que valoriza a floresta em pé.

A restauração florestal em larga escala tem o poder de transformar realidades. Um estudo inédito realizado por uma rede de organizações, com participação da TNC Brasil, revela que restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030 — meta assumida pelo Brasil no Acordo de Paris — pode gerar entre 1 milhão e 2,5 milhões de empregos. Em média, é um novo posto de trabalho criado a cada dois hectares reflorestados. A restauração movimenta desde a coleta de sementes até o plantio, a manutenção e o monitoramento das áreas, ativando economias locais e promovendo inclusão social.

Mais do que recuperar áreas degradadas, restaurar é regenerar o que sustenta a vida: solos férteis, ciclos da água, paisagens produtivas, culturas e saberes. Quando bem estruturadas, as ações de restauração ampliam a produtividade no campo, abrem novas oportunidades de renda para agricultores e comunidades, e fortalecem cadeias produtivas ligadas à bioeconomia e à agricultura de baixo carbono.

Diante desse cenário urgente, a The Nature Conservancy trabalha na estratégia Restaura Brasil  para promover uma mobilização política, empresarial e social para acelerar as ações de restauração e colaborar para que o país atinja sua meta global de clima restaurando 12 milhões de hectares até 2030.

Além de recuperar diversas áreas, a restauração também impulsiona o uso sustentável dos recursos florestais como vetor de desenvolvimento territorial. Na Amazônia, uma solução pioneira – no Brasil e no mundo – vem ganhando força: as concessões florestais para restauração. Por meio desse modelo, o poder público pode delegar, por tempo determinado, o direito de uso de áreas estaduais e federais a empresas, organizações da sociedade civil ou comunidades locais, com o objetivo de recuperar a vegetação nativa e promover o uso sustentável dos recursos florestais, da infraestrutura ao monitoramento. Em regiões onde a pressão pelo desmatamento é intensa, como no Pará, as concessões têm potencial para restaurar mais de 200 mil hectares, remover até 70 milhões de toneladas de CO₂ equivalente da atmosfera e gerar mais de 100 mil empregos ao longo de 30 anos. São caminhos complementares que ampliam o impacto da restauração: regeneram ecossistemas, promovem o desenvolvimento territorial e reduzem emissões com base em ciência e inovação.

Na TNC Brasil, atuamos para tornar essa transformação possível, unindo conservação e desenvolvimento em soluções baseadas na natureza. Estamos inseridos na Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas (2021–2030) e seguimos uma metodologia própria — o Plano Estratégico de Restauração Florestal (PERF) — que guia nossas ações do planejamento ao campo. Essa abordagem combina ciência, inovação técnica e inclusão social, em sinergia com estratégias de agricultura regenerativa e segurança hídrica.

Para ampliar a escala e a efetividade da restauração, nossa atuação se organiza em três grandes eixos:

• Atratividade: tornar a restauração vantajosa para quem vive da terra, promovendo geração de renda, mercado para produtos da bioeconomia e valorização da floresta em pé;  

• Mecanismos financeiros: mobilizar recursos públicos e privados e promover instrumentos como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA);

• Fortalecimento do ciclo da restauração: mapear áreas prioritárias, qualificar processos, reduzir custos e integrar os diversos atores envolvidos.

Nada disso é feito sozinho. Atuamos em rede com governos municipais, estaduais e federal, organizações da sociedade civil, universidades, setor produtivo e associações locais. Restaurar não é apenas uma ação ambiental: é um projeto coletivo de futuro. É local e é global. É plantar hoje o futuro que queremos viver.

Florestas restauradas não são só árvores que voltam a crescer. São legados. São sistemas vivos que devolvem à terra sua potência e às pessoas, novas possibilidades. Um Brasil mais resiliente, justo e próspero depende da saúde dos seus ecossistemas. E é nas florestas que muitas das respostas para esse futuro já estão.