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Três coisas que devemos saber sobre Inteligência Artificial e energia renovável

Aerial view of river
Oiapoque Indigenous Region The Rio Curipi meets the Rio Uaçá on its way to the Atlantic Ocean, in the Oiapoque indigenous region of the Brazilian Amazon. © Haroldo Palo Jr.

O mundo precisa de mais energia renovável para combater as mudanças climáticas e para muitos países, a energia hidroelétrica é uma parte chave de sua mescla de energias renováveis. Mas também precisamos proteger a continuidade dos sistemas fluviais e os ecossistemas singulares que eles protegem.  

O trabalho de Hydropower by Design da TNC tem sido um pilar de nossas atividades de conservação como resposta a esse desafio. Um novo artigo na revista Science detalha esforços que usam Inteligência Artificial (IA) para encontrar meios de mitigar os impactos ambientais da energia hidrelétrica na Amazônia—4.3 milhões de quilômetros de rios e mais de 6.2 milhões de quilômetros quadrados de floresta—e ao mesmo tempo atingir os objetivos de produção de energia. A que conclusão chegaram os pesquisadores, incluindo Jonathan Higgins da TNC?

A Inteligência Artificial pode ajudar os conservacionistas a entender sistemas naturais incrivelmente complexos.

Pesquisadores da Cornell University, TNC e de outras instituições parceiras inicialmente acreditavam que a bacia era grande demais para ser considerada em sua totalidade. Avaliando os impactos das 158 hidrelétricas existentes e mais os das centenas propostas, e contrabalançando isso com o valor extraordinário da maior e mais biodiversa bacia hidrográfica da Terra, exigiu que considerassem os muitos milhões de cenários diferentes. Os cientistas de computação trabalharam com os conservacionistas para desenvolver soluções.

Aplicar a tecnologia da IA permitiu expandir para outros lugares o planejamento inteligente e baseado na ciência da energia de baixo carbono, de baixo custo e baixo conflito. E essa abordagem permitirá que governos, grupos de conservação, investidores e a indústria possam avaliar os trade-offs de seus planejamentos energéticos, especialmente em lugares afastados onde pode ser difícil realizar trabalho de campo.

Hydropower dam in Ecuador
Hydropower dam on the Río Paute, Ecuador. © Erika Nortemann/TNC

Dam on the Río Paute in Ecuador.

A ciência holística facilita a tomada de melhores decisões.  

O estudo considerou seis fatores diferentes: fluxo e conectividade dos rios, sedimentação, diversidade dos peixes, emissões de gases de efeito estufa e produção de energia. A tomada de decisão que avalia todos esses fatores permite que líderes considerem custos e benefícios para a natureza e as pessoas.  E ao analisar uma bacia inteira—ao invés de segmentos de rios como fizemos no passado—os impactos cumulativos do desenvolvimento além das fronteiras nacionais podem ser considerados. Às vezes, uma solução que faz sentido em um país pode ser problemática em países vizinhos. Essa visão mais ampla permite que governos possam tomar decisões melhores e mais transparentes com relação aos seus investimentos e assegurar que a energia hidrelétrica não chega à custa da biodiversidade.

Cascade of Rio Malo
Cachoeira no rio Malo no Equador. © Erika Nortemann/TNC
Aerial view of Tapajos basin
Aerial view of Tapajos basin Aerial view of the Tapajos River, a major tributary of the Amazon River in Brazil. © Ludus videos

Existe mais de uma resposta certa.

A abordagem usada nesse estudo permitiu que os cientistas considerassem vários cenários, descartando locais para futuras barragens que causariam o pior dano ecológico e social. O enfoque pode também ser relevante na hora de escolher outras localidades para energia renovável. ”Precisamos proteger e restaurar a biodiversidade e fazer a transição para energia renovável”, explica Amy Newsock do Programa de Proteção Duradoura de Água Doce da TNC. “Precisamos reconhecer e considerar possíveis conflitos para encontrar os locais onde podemos achar uma solução equilibrada”.

Saiba mais sobre planejamento de energia renovável no link A Brighter Future.