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Novo estudo mapeia a realidade da Assistência Técnica Rural no Pará

Agricultura A woman weeds a field on a small rural farm that is part of a cooperative of local farmers who grow medicinal herbs and other organic products in and around the small community of Turvo, central Parana state, Brazil. This cooperative is a TNC partner. © Scott Warren

No estado do Pará, cerca de 350 mil famílias vivem da agricultura familiar e de modos de vida tradicionais. São elas as responsáveis por grande parte dos alimentos que chegam à mesa dos paraenses e pela manutenção de uma parcela expressiva da vegetação nativa. No entanto, para que essa produção seja sinônimo de qualidade de vida e conservação e para garantir que a floresta permaneça em pé e que as famílias do campo prosperem, o acesso ao conhecimento é um elo fundamental. Contudo, entender quem está ao lado desses produtores no dia a dia e onde a orientação técnica realmente chega era, até agora, um desafio pela falta de dados sistematizados.

Com o objetivo de mudar esse cenário, a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SEAF-PA) e a Terra Preta, lança o livro "Assistência Técnica e Extensão Rural no Pará: um panorama da realidade".  

A obra é resultado de um esforço de pesquisa que identificou e mapeou 437 instituições atuantes no estado, de órgãos públicos e empresas privadas a ONGs e cooperativas. O estudo oferece uma análise qualificada sobre a capilaridade da assistência técnica na Amazônia, investigando as metodologias aplicadas, o perfil dos extensionistas e a distribuição desigual do serviço entre as diferentes regiões de integração.

 

Uma nova perspectiva

O diagnóstico traz uma nova perspectiva sobre a cobertura desses serviços no estado. Enquanto o Censo Agropecuário do IBGE aponta que apenas 6% dos estabelecimentos recebem orientação técnica, o novo levantamento identificou uma capilaridade maior ao considerar as diversas formas de atuação no território: os dados revelam que cerca de 30% dos agricultores familiares e comunidades tradicionais acessam, hoje, alguma modalidade de ATER.

Contudo, esse alcance ampliado não se reflete de forma homogênea. O estudo aponta que a distribuição das iniciativas permanece desigual: enquanto regiões como o Baixo Amazonas e o Xingu concentram um número significativo de projetos, impulsionadas por históricos de assentamentos e ações ambientais, vastas áreas do nordeste paraense e do Marajó ainda enfrentam o que a publicação classifica como “vazios assistenciais”.

Quote: Martin Ewert

Compreender e fortalecer as iniciativas de ATER é fundamental para promover soluções inovadoras, inclusivas e sustentáveis.

Coordenador de Agricultura Familiar e Sistemas Regenerativos da TNC

Estratégias para uma Amazônia diversa

Mais do que apenas números, o livro investiga como a extensão rural é feita. O levantamento identificou que, embora a orientação técnica produtiva ainda seja o foco principal, há um crescimento de pautas estratégicas para a Amazônia, como a transição agroecológica, o manejo de recursos naturais e o acesso a mercados institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).  

A publicação destaca ainda a importância de adaptar a linguagem e as metodologias para atender à diversidade do campo paraense, que inclui não apenas agricultores, mas ribeirinhos, quilombolas e extrativistas. A obra, que já está disponível para acesso público, preenche uma lacuna histórica de dados sobre o setor e serve como bússola para a elaboração de políticas públicas mais assertivas.

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Assistência Técnica e Extensão Rural no Pará

Acesse o livro completo e veja como os dados inéditos podem orientar o planejamento da extensão rural na Amazônia.

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