Notícias

Um novo projeto vai promover a agricultura regenerativa em três milhões de hectares na América Latina

A green landscape
A green landscape The consortium will transform 3 million hectares of agricultural land into regenerative landscapes through Ecosystem-based Adaptation, positively impacting up to 22,000 people © TNC
  • A The Nature Conservancy (TNC) implementará um projeto agrícola ao custo de 20 milhões de euros (US $24 milhões) por seis anos em cinco países da América Latina por meio de um consórcio com o Helmholtz Centre for Environmental Research(UFZ), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe e a Nestlé.
  • O Consórcio vai transformar três milhões de hectares de terras agrícolas em paisagens regenerativas por meio de adaptação climática baseada em ecossistemas, o que trará impacto positivo para 22 mil pessoas e evitará 25% de emissões de CO2 por meio da agropecuária regenerativa.
  • O financiamento vem da Iniciativa Internacional de Proteção do Clima (IKI) do governo alemão.

A The Nature Conservancy (TNC) anunciou o lançamento de um projeto de seis anos abrangendo cinco países da América Latina (Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru) para investir em adaptação climática baseada em ecossistemas (EbA em inglês) nos sistemas de produção agropecuária. O projeto criará uma plataforma multiatores que alavancará a expertise diversa da TNC e seus parceiros na região para dar escala rapidamente aos investimentos, às ferramentas e metodologias de sistemas alimentares regenerativos na América Latina.

Esses cinco países são muito importantes para a região e para o sistema alimentar global. Na América Latina, a agropecuária extensiva é responsável por 70% do desmatamento e 20% das emissões de gases de efeito estufa na região. Isso ameaça os recursos nos quais essa produção agrícola é baseada, comprometendo desde a segurança alimentar e a biodiversidade até a resiliência da natureza à crescente crise climática. As mudanças climáticas estão abalando os sistemas agrícolas da América Latina –  um transtorno ampliado pela COVID-19, que virou as cadeias de valores de cabeça para baixo, conduzindo os produtores a métodos de produção insustentáveis. No entanto, a agricultura regenerativa tem uma grande possibilidade de aumentar a produção agrícola, restaurar solos degradados, aumentar a segurança hídrica e o sequestro de carbono ao mesmo tempo em que usa a biodiversidade, fortifica a resiliência climática e promove a equidade e o bem-estar comunitário.

Por meio de um ambiente propício e melhor para a EbA, o projeto transformará três milhões de hectares de terras agrícolas em paisagem regenerativas que beneficiam a resiliência climática, biodiversidade, produtividade, os produtores e suas comunidades. O projeto adquirirá conhecimento de EbA baseado na ciência para fortalecer os arcabouços regulatórios e dar escala a práticas de agricultura regenerativas, aumentando assim a resiliência às mudanças climáticas das comunidades rurais ao garantir que o valor dos serviços ecossistêmicos e os benefícios às pessoas sejam considerados no planejamento e execução de economias viáveis baseadas na agricultura.

O projeto desenvolverá e testará 13 modelos de negócios com dados do clima e da agricultura e implementará pelo menos cinco instrumentos financeiros/soluções de transferência de riscos financeiros para possibilitar o financiamento e investimento em práticas de EbA de fontes públicas e privadas. Das aproximadamente 22 mil pessoas que serão impactadas positivamente pelo projeto, pelo menos 7,219 produtores implementarão práticas regenerativas e de EbA em suas fazendas. Todas essas abordagens — desde a construção da base de evidências, ao desenho de modelos de negócios inovadores e enfrentamento das lacunas de financiamento e políticas —se consolidarão em um desenho da plataforma multiatores que será um mecanismo para reunir e facilitara coordenação e o gerenciamento público, privado, acadêmico e comunitário dessa transição.

“Chegou a hora de achar soluções inteligentes para incorporar a proteção da natureza e do clima e usar nossas sinergias. A promoção de soluções baseadas na natureza é um caminho-chave para combinar a proteção da biodiversidade, mitigação das e adaptação às mudanças climáticas e lidar com outros desafios da sociedade, como a segurança alimentar, o fornecimento seguro de água e a prevenção de pandemias. Estamos comprometidos com salvaguardas sociais e ambientais robustas, requisitos rigorosos de integridade ambiental e soluções de resiliência e adaptação climática sustentáveis no longo prazo.” Dr. Ulf Jaeckel, Diretor de Divisão, European and International Affairs of Adaptation to Climate Change, BMUV.

“Esse projeto representa uma oportunidade enorme para mudar o sistema global de alimentos de tal maneira que restaure o planeta, fortaleça a segurança alimentar e impulsione a resiliência. Por meio da adoção bem difundida de práticas regenerativas e cadeias de suprimento, podemos reduzir os riscos climáticos e os impactos ambientais ao mesmo tempo em que fornecemos benefícios aos produtores e comunidades. É um grande exemplo do potencial da América Latina para contribuir comum futuro positivo para a natureza”. Jen Morris, CEO da TNC.

Para preparar e conduzira escala do projeto e os impactos desejados, o consórcio desenhou um mecanismo com cinco produtos, incluindo dois que medem impacto e risco:

  • Plataforma colaborativa: Uma plataforma multiatores será desenvolvida como um motor colaborativo para engajar governos, empresas, pesquisadores, a sociedade civil e produtores em uma visão coletiva de escala da EbA e agricultura regenerativa. A plataforma multiatores criará ferramentas, políticas e modelos de negócio.
  • Transferência de conhecimento: Para garantir o impacto emnível de paisagem, o projetoterá como foco o desenvolvimento e compartilhamento de conhecimento por meio de estudos interdisciplinares de situação personalizados para cada paíse planos de ação de gênero, criando caminhos para a transformação de sistemas e treinamentos de atores.
  • Modelos de negócios: Baseadosem evidências científicas sobre EbA e agricultura regenerativa, 13 modelos de negócios serão identificados, melhoradosou desenhados para catalisar o desenvolvimento doempreendedorismo dentro das cadeias de valor prioritárias.
  • Políticas: As políticas públicas eos instrumentos financeiros serão cocriadospara permitir que a EbA e a agricultura regenerativa possam atingir suas metas de captura de carbonoassim como a adaptação e mitigação das contribuições nacionalmente determinadas (NDCs).
  • Financiamento EbA: Mecanismos financeiros privados serão desenhados e adaptadospara aumentar a disponibilidade do crédito privado, dos investimentos e orçamentos operacionais que podem ser canalizados para instituições e produtores que implementam práticas de EbA e agricultura regenerativa.

Uma das primeiras ações desse projeto será submeter-se um estudo de gênero, diversidade, equidade e inclusão que inclui a identificação de barreiras para mulheres, Povos Indígenas e comunidades em condições de vulnerabilidade e um plano para garantir sua inclusão. Todos os parceiros, tanto os do consórcio quanto os em níveis nacional e local, receberão treinamento para garantir que esses princípios sejam incorporados na visão do projeto. Outro produto-chave que está a caminho é o co desenho de um índice de agricultura regenerativa para medir os impactos sociais, econômicos e ambientais positivos dessa transição.

O projeto tem ambições significativas de transformar a maneira como produzimos alimentos ao mesmo tempo que utilizamos a biodiversidade para aumentar a resiliência climática com o objetivo de ser um modelo replicável na região e globalmente. E como um dos maiores investimentos da IKI alemã em EbA e agricultura na América Latina, esse projeto colaborará com os seguintes cinco parceiros políticos da região: o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Argentina, o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (MADS) da Colômbia, o Ministério do Meio Ambiente (MAE) do Equador, o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (MADES) do Paraguai, e o Ministério do Meio Ambiente (MINAM) do Peru.

Para mais informações, visite o site do IKI