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Acampamento TERRA LIVRE 2022 ATL 2022 © FERNANDA MACEDO / TNC BRASIL

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Comunicadores Indígenas da Amazônia fazem cobertura do Acampamento Terra Livre 2022

Jovens tem utilizado a comunicação como ferramenta de luta para as causas indígenas

Com o objetivo de dar voz e amplitude às suas próprias pautas, diversos comunicadores indígenas dos povos da Amazônia estiveram em Brasília acompanhando e registrando de perto todos os debates e acontecimentos do Acampamento Terra Livre 2022, realizado entre os dias 4 e 14 de abril.

Os registros em vídeo, imagens, áudios e textos alimentam sites e redes sociais de parceiros como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a Federação dos Povos Indígenas do Pará (FEPIPA), a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (FEPOIMT), a Articulação dos povos e organizações indígenas do Amapá e Norte do Pará (APOIANP) e a Mídia Índia.

A rede de comunicadores indígenas da Amazônia começou a tomar forma em 2016 e hoje conta com comunicadores, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos que trabalham para que as informações cheguem nas bases de cada comunidade.

A comunicação feita por nós mesmos tem um peso totalmente diferenciado porque é o comunicar do sentimento e da participação dos próprios indígenas. As parcerias são extremamente importantes porque elas somam e viabilizam que a gente saia dos nossos territórios. A TNC é um parceiro de longa data da Coiab e é importante não apenas financeiramente, mas também no sentido de estar junto aqui no acampamento, somando com o movimento indígena”, afirma Angela Kaxuyana, coordenadora executiva da Coiab

De acordo com Puyr dos Santos Tembé, Coordenadora Executiva da FEPIPA, o objetivo da Rede é mostrar as lutas sob a perspectiva do indígena.

“Nosso objetivo é divulgar toda a luta dos povos indígenas com uma cobertura com o nosso olhar, com a nossa forma de ver as pautas indígenas. Antes as pessoas que falavam dessa luta eram de fora e por vezes deturpavam e não mostravam a realidade. Hoje nós temos a oportunidade de mostrar o que acontece com nossas próprias palavras”, explica Puyr.

De acordo com Mitã Xipaya, que atua como coordenador da rede de comunicadores da FEPIPA, o trabalho também é importante para estimular o interesse dos jovens pela comunicação. “Sabemos que hoje a comunicação é uma ferramenta importante na luta dos povos. A gente utiliza essa ferramenta para levar a nossa voz às bases das comunidades. Pelas mídias e a comunicação, conseguimos levar a nossa voz não só para o Brasil, como para o mundo”.

O fortalecimento dos comunicadores indígenas conta com o apoio de parceiros como a The Nature Conservancy Brasil (TNC), que tem contribuído para a capacitação na criação de conteúdo digital e utilização de ferramentas e plataformas de comunicação.

 

Guerreiros Digit@is

Um desses apoios foi à iniciativa Guerreiros Digit@ais que além de contribuir para a formação técnica de novos profissionais ajudou a fortalecer as redes de comunicadores.

As capacitações, realizadas em 2020 e 2021, abordaram temas como a "etnomídia" e a importância dos comunicadores indígenas e da comunicação como ferramenta para proteção de direitos, além de conceitos e práticas de fotografia, jornalismo digital, design gráfico, redes sociais, produção de vídeos e podcasts.

“Foi a partir da iniciativa Guerreiros Digit@ais que eu comecei a me apaixonar e a me encontrar na comunicação. Teve um grande fruto que foi despertar esse movimento de como comunicar e como dar essa visibilidade. Quando a gente começa a demarcar as telas e se tornar um guerreiro digital a gente começa a reconstruir e a somar à luta”, comenta Luene Karipuna, comunicadora da APOIANP.

“O legal é que a gente consegue colocar o nosso pensamento de uma forma mais fácil para quem está vendo. O público-alvo é o próprio indígena e as comunidades”, afirma Kaianaku Kamaiurá, assessora e comunicadora da FEPOIMT

De acordo com o coordenador de Estratégias Indígenas da TNC Brasil, Helcio de Souza, a The Nature Conservancy tem atuado há mais de 15 anos em parceria com os Povos Tradicionais na capacitação de lideranças e na construção de espaços de diálogos.

“Apoiar iniciativas como a Rede de Comunicadores é mais uma forma da TNC contribuir para fortalecer lideranças e representantes dos diversos povos indígenas na luta para proteger seus direitos e garantir autonomia na gestão de seus territórios”, afirma Souza.

“O acampamento tem esse legado de trazer a nossa juventude para esse contexto de aprendizado, trazer as mulheres para o fortalecimento, para poder dialogar junto com os homens num processo de construção num período tão difícil no Brasil que é de diversas formas de derrubada de direitos”, segundo a coordenadora da APOIANP, Simone Karipuna.

“Participar do movimento indígena requer esforço, temos que abdicar de tudo, de estar em casa com a família, de levar uma vida normal na aldeia, para se fazer presente nessa importante luta, nessa execução da democracia, que o nosso país garante muito bem em sua carta magna”, lembrou Crisanto Rudzö Tseremey’wá, presidente da FEPOIMT

Terra Livre

Realizado há 18 anos, o Acampamento Terra Livre (ATL) é um dos momentos mais importantes da agenda indígena.

Em 2022, durante os dez dias de programação, mais de 8 mil pessoas de 200 povos indígenas das cinco regiões do país participam do ATL e acompanharam mais de 40 atividades relacionadas ao enfrentamento da agenda anti-indígena, à saúde e educação indígena e ao protagonismo das mulheres e da juventude indígena. Em Brasília, foram realizados atos e reuniões  com parlamentares, ministros e representantes do governo Federal para apresentar e debater pautas indígenas prioritárias como direito à terra, etnodesenvolvimento e autonomia dos povos.

Segundo Mitã, nesse sentido, estar em Brasília tem sido crucial para a defesa dos Povos Originários. “A própria história política e social em que, em 1987 com o discurso de Ailton Krenak, liderança indígena do Povo Krenak, pôde-se incluir na Constituição os direitos indígenas no Brasil. Nossa história e a nossa luta começaram bem antes de 1988, e temos o direito e o dever de levantar o maracá para dizer não aos retrocessos nas políticas socioambientais que impactam a vida de todos os seres”, explica.

A cobertura do Acampamento 2021 e o trabalho dos comunicadores indígenas estão registrados no site da COIAB e nos perfis do Instagram das instituições:

@coiabamazonia

@fepipa_oficial

@fepoimt_oficial

@apoianp

@guerreirxsdigitais

 

Confira os depoimentos dos comunicadores e de lideranças indígenas da Amazônia no instragram da TNC: @tncbrasil

O Acampamento Terra Livre é organizado pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).