Cúpula da Amazônia e a missão de conservar a maior floresta tropical do planeta
O evento é uma oportunidade para que os países da região assumam compromissos mais efetivos para a conservação do bioma.
Autoridades do Brasil, América Latina, Caribe, Europa e Ásia estarão na capital paraense para discutir os caminhos e futuro para a Amazônia e o papel das florestas para a humanidade.
Entre 4 e 6 de agosto, a cidade receberá os Diálogos Amazônicos, espaço aberto a sociedade civil, empresas e atores não governamentais. Nos dias 8 e 9 de agosto, presidentes dos países amazônicos estarão reunidos para ouvir os resultados desses diálogos e elaborar a “Declaração de Belém” que deve sinalizar compromissos e caminhos para conservação da maior floresta tropical do mundo contemplando a ambição na transição para uma economia justa na Amazônia; enfrentamento do tipping point (ponto de não retorno do bioma) buscando metas comuns entre os países rumo ao desmatamento zero até 2030; e o fortalecimento dos direitos dos povos e comunidades indígenas e tradicionais. O texto também servirá de base para a proposta que o Brasil pretende levar à COP28, no final do ano, nos Emirados Árabes.
De acordo com a diretora para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira “as negociações para o posicionamento final da Cúpula estão estruturadas nos seguintes eixos: participação social, erradicação do trabalho escravo, saúde, soberania, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, transição energética, mudança do clima e a proteção aos povos indígenas e tradicionais da região. Tudo isto dentro de uma perspectiva de respeito aos direitos humanos, combate a qualquer tipo de discriminação, abordagens intercultural e intergeracional, e soberania nacional. Este arranjo demonstra como os problemas na região amazônica são complexos, necessitando de uma visão integrada para a construção de soluções duradouras”.
Na agenda da Cúpula, estão os desafios e oportunidades que são compartilhados entre os países amazônicos, como combate ao desmatamento, restauração, biodiversidade, bioeconomia, mecanismos financeiros, mercados de carbono, transição energética, fortalecimento dos povos indígenas e comunidades tradicionais, entre outros. O encontro é também uma oportunidade para a região obter um maior apoio da comunidade internacional e para que o Brasil comece a se preparar para a primeira COP amazônica que, em 2025, irá sediar a COP30 em Belém, no Pará.
Bioeconomia e Biodiversidade
A corrida para salvar a biodiversidade do planeta é tão urgente quanto a crise climática. De acordo com dados da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, um quarto das espécies de plantas e animais está ameaçado de extinção e o Fórum Econômico Mundial calcula que mais da metade do PIB global depende da natureza.
“O Brasil, um dos países mais biodiversos do planeta, tem a responsabilidade de puxar essa agenda. A perda de biodiversidade é perda de floresta, de habitat de espécies e isso agrava o quadro climático global e pode inviabilizar a meta de manter o aquecimento do planeta em até 1,5ºC até o fim do século”, explica a diretora executiva da TNC Brasil, Frineia Rezende.
Ainda segundo a executiva, essa agenda é de extrema importância para os povos Indígenas, Ribeirinhos e Quilombolas, que são os guardiões das florestas. Segundo estudo recente publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, os Povos indígenas são 5% da população mundial e protegem cerca de 85% da biodiversidade do planeta.
E não se trata apenas de proteger a natureza, mas também de gerar desenvolvimento econômico. De acordo com um estudo realizado pela TNC em parceria com o BID e Natura e que analisou 30 produtos da sociobiodiversidade paraense mostra que, com políticas públicas adequadas e inclusão, o PIB dessas cadeias poderia pode chegar a 170 bilhões de reais em 2040. Esse é o potencial da sociobioeconomia em apenas um dos estados da Amazônia brasileira.
Segundo a gerente adjunta para Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da TNC Brasil, Juliana Simões, “por abrigar a maior parte da Floresta Amazônica (58%), o Brasil pode ser protagonista na implementação dessa agenda, com ações que estimulem a produção e os negócios sustentáveis na floresta, promovendo assistência técnica específica, valorizando o conhecimento e a cultura dos povos indígenas e comunidades tradicionais, contribuindo para a inovação e verticalização das cadeias produtivas da sociobiodiversidade, agregando tecnologia, valor e melhorando a renda do campo”.
Agenda TNC
Confira os eventos da TNC na Cúpula da Amazônia:
Inovações para assistência técnica em escala de SAF cacau no Pará, lições do Projeto Cacau Floresta
4 de agosto, das 8h às 10h
Sala 6 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: TNC, Olam, P4F, Mondelez, Humanize
Perspectivas e desafios para a restauração de paisagens e florestas em larga escala na Amazônia brasileira
4 de agosto, das 10h às 12h
Sala 6 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: WRI, Aliança e Semas
Investimentos para dar escala às sociobioeconomias da Amazônia
4 de agosto, de 14h às 16h
Sala 12 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: TNC e Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
RASTREABILIDADE NA CADEIA DE CARNE BOVINA: SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS, INTEGRAÇÃO COM POLÍTICAS PÚBLICAS E RESULTADOS ALCANÇADOS NO BRASIL
5 de agosto, de 08h às 10h,
Horário: 08:00 – 10:00
Local: UFPA
Mecanismos financeiros, regulatórios de ambiente de negócios para acelerar a transição para uma economia de baixo carbono
5 de agosto, de 08h às 10h,
Sala 7 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
O papel do setor empresarial no desenvolvimento de soluções climáticas naturais inclusivas na Pan-Amazônia
5 de agosto, de 12h às 14h,
Sala 5 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: CEBDS
Autogestionada: Soluções de governança e gestão territorial na Amazônia: Perspectivas e lideranças indígenas para a mitigação do mudanças climáticas e a conservação, restauração e manejo da floresta amazônico
5 de agosto, das 15h às 17h
Aldeia Cabana, na Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia
Organização: Coiab
Estratégias jurisdicionais para o desenvolvimento territorial de baixo carbono na Panamazônia
6 de agosto, das 08:30h às 10h
UFPA Universidade Federal do Pará - R. Augusto Corrêa, 01 - Guamá
Organização: CIRAD - Centro de Cooperação Internacional para Pesquisa agrícola e Desenvolvimento
Evitando o ponto de não retorno: colocando a Amazônia no centro das metas ambientais globais e garantindo o acesso direto ao financiamento aos povos indígenas
6 de agosto, de 10h às 12h
Plenária A do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: AVAAZ
Contribuições das Estratégias Nacionais de Biodiversidade para os Novos Modelos de Produção Sustentável na Amazônia
Dia 6 de agosto, das 14h às 16h
Sala 2 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: CEBDS, WWF e TNC
As contribuições da Restauração para o desenvolvimento regional amazônico
6 de agosto, das 16h às 18h
Sala 1 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: Aliança pela Restauração da Amazônia
Convocatória para ação imediata: escalando a bioeconomia Panamazônica
Dia 6 de agosto, das 18h às 20h
Sala 10 do Hangar - Centro de Convenções & Feiras da Amazônia
Organização: Instistuto Sinchi e Rede Panamazônica de Bioeconomia