Vozes da Amazônia
Uma exposição fotográfica para descobrir a Amazônia por meio do olhar de quem a vive, a sente e a defende todos os dias.
No coração da Amazônia, onde os rios sustentam as florestas e a natureza resguarda a sabedoria de gerações, os comunicadores dos Povos Indígenas e das comunidades locais e tradicionais narram sua visão do território e sua íntima conexão com a natureza: mas também as ameaças que hoje põem em risco toda a vida e as soluções baseadas em seu conhecimento tradicional para adaptar-se e enfrentar as mudanças climáticas.
Essas imagens dão vida à exposição fotográfica “Vozes da Amazônia”, um projeto da Mídia Indígena e da TNC. Sob a curadoria da fotógrafa e produtora audiovisual brasileira Priscila Tapajowara, essa mostra reúne o trabalho de oito fotógrafos amazônicos da Colômbia, do Equador, do Brasil e do Peru.
Mais de 500 Povos Indígenas vivem em toda a Bacia Amazônica, distribuídos por nove países. Este vasto território abriga 20% da água doce do planeta e seus rios são muito mais do que corpos d’água: são fontes de alimento, cultura, espiritualidade e conexão profunda com a terra. As comunidades que habitam seu solo não só resguardam suas tradições ancestrais, mas também lideram a defesa de seus territórios, impulsionando a proteção de um dos ecossistemas mais vitais e biodiversos do mundo.
Mapa de localização em diferentes lugares da Amazônia dos fotógrafos selecionados para a exposição.
A Amazônia está gravemente ameaçada. O desmatamento, a degradação dos ecossistemas e o avanço das atividades extrativistas impactam cerca de 26% de sua extensão. Cada árvore cortada, cada rio contaminado debilita o equilíbrio de um dos sistemas naturais mais importantes do planeta. Diante dessa ameaça, as comunidades amazónicas se convertem em guardiãs do território, liderando ações de resistência e de conservação cruciais para o futuro do clima global.
Hoje mais do que nunca, o que acontece aqui ressoa em todo o planeta; já é hora de escutar as vozes da Amazônia.
Brasil
Luene Karipuna
“Minhas fotografias simbolizam a necessidade de proteger e garantir que estes territórios permaneçam tão belos quanto vemos nas imagens”.
Luene Karipuna pertence ao Povo Karipuna, do estado do Amapá, município do Oiapoque, na Terra Indígena Uaçá. Desde 2020 trabalha como comunicadora e já colaborou com várias organizações Indígenas da Amazônia, incluindo a COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e a APOIANP (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará) da qual é atualmente a coordenadora executiva, sendo a primeira jovem a ocupar esse espaço. Para Luene, a fotografia é uma ferramenta para desconstruir estereótipos sobre os Povos Indígenas, dar visibilidade às suas agendas e promover a defesa de seus direitos.
Joyce Anika
A voz da Amazônia deve ser levada a muitas pessoas, pois ela tem sido muito ameaçada”
Fotógrafa, comunicadora e artista do Povo Karipuna, do Território Indígena Uaçá, no Oiapoque, Amapá. Seu trabalho nasce do movimento Indígena e das lideranças regionais. Em 2021, iniciou sua formação em comunicação e, em 2022, participou do Acampamento Terra Livre em Brasília, uma experiência que fortaleceu ainda mais seu compromisso com a luta e a valorização das vozes Indígenas. Ela utiliza sua sensibilidade e seu entusiasmo para mostrar, por meio da arte e da imagem, a força dos Povos Indígenas do norte do Brasil.
Kawowe Parakanã
“A Amazônia, para mim, significa muito mais; ela é uma mãe para nós. É uma Amazônia que estimula a força do nosso Povo Indígena e, cada dia, nos dá mais energia para manter nosso território em pé.”
Comunicador e fotógrafo Indígena do Território Apyterewa, localizado no estado do Pará. Com seu trabalho, Kawowe Parakanã busca registrar e mostrar a força de seu povo, sua relação com a floresta e a importância de proteger este território. Suas imagens dão voz à cultura de seu povo e são um chamado para defender a vida na Amazônia.
Colombia
Eliana Muchachasoy
“Nossos avós nos ensinaram que as plantas, o que nos rodeia, são espíritos que estão presentes, que são os guardiões dos mesmos territórios”.
Eliana Muchachasoy é originária do Povo Camëntŝá, no Vale do Sibundoy (Putumayo), no sudoeste da Colômbia. Suas imagens, cheias de cores e vida, buscam dar visibilidade ao papel e às lutas das mulheres Indígenas, render homenagem à memória de seus antepassados e deixar um registro de seu território. Ela é artista visual, cantora e compositora. Em seus interesses artísticos, explora a fotografia, a pintura em tela, o muralismo, a composição digital e a ilustração. Seu trabalho já foi exposto em diferentes espaços locais, nacionais e internacionais.
“Tua liberdade cheira a flores do páramo,
a brisa salgada na serra,
a chuvas que beijam a savana”.
Duber Rosero
“Se a Amazônia tivesse uma voz, seria a voz dos rios… o rio conhece do início ao fim tudo o que existe neste território”.
Apaixonado pela biodiversidade, pela proteção da natureza e pelas manifestações culturais dos Povos Indígenas que habitam o seu território. Duber Rosero é fotógrafo e produtor audiovisual do departamento (estado) de Putumayo, na fronteira entre a Colômbia e o Equador. Tem interesse em investigar o conhecimento indígena e a conexão dos povos tradicionais com a natureza que os cerca.
Andrés Cardona
“A Amazônia, como tal, é uma forma específica de civilização que pode ensinar a humanidade a coexistir”.
Andrés Cardona viajou pelo rio Amazonas, da Colômbia até sua desembocadura no Oceano Atlântico, no Brasil. Ele nasceu no município de San Vicente del Caguán, no estado de Caquetá, no encontro entre os Andes e a Floresta Amazônica. Suas fotografias não só retratam a beleza do território, mas também as marcas e dores que a guerra deixou em seus habitantes deste lugar na Colômbia, incluindo ele e sua família. Atualmente, ele é explorador da National Geographic. Seu trabalho já foi publicado em revistas como TIME e Vogue e em jornais como The Washington Post, El País e Al Jazeera. Em 2023, ganhou o Prêmio POY Latam pelo melhor “Projeto de longo prazo” e em 2024, o Prêmio Gabo.
Perú
Patrick Murayari
“A voz da Amazônia busca nos reaproximar das nossas origens, das aprendizagens e práticas que os Povos Indígenas têm com o meio ambiente, das práticas de convivência harmoniosa com o território”.
Patrick Murayari Wesember é um fotógrafo Kukama e realizador audiovisual de Iquitos. Seu trabalho se concentra em documentar a vida na Amazônia peruana. Seu interesse é abordar, com suas imagens, temas como a memória, a identidade, o território e os direitos dos Povos Indígenas, e refletir sobre a história de seu Povo e sobre os problemas estruturais decorrentes da colonização e das práticas de desenvolvimento extrativista na Amazônia. Ele é membro da Associação Peruana de Fotojornalistas, participou da 1ª Bienal Internacional de Arte Amazônica em 2019 e recebeu diversos prêmios por suas fotografias, entre eles o da Organização Indígena Internacional e o Prêmio da Embaixada da França.
Equador
Eli Virkina
“Me lembro que minha avó me dizia que para ser uma mulher forte, temos que ir ao rio antes que nasça o sol, é nessa hora que o rio lhe dá força, sabedoria e lhe cura”.
Fotógrafa e cineasta Indígena da comunidade Kichwa Venencia Derecha, no Alto Napo. Eli Virkina é equatoriana-estadunidense e se inspira no rio Napo, um dos afluentes afetados pela contaminação de minérios na Amazônia equatoriana. Sua arte comunica a luta de seu povo e transforma a dor em cura. Com suas imagens, mostra a vida cotidiana das mulheres, a resistência em seu território e a conexão entre o mundo físico e o espiritual.
No coração da ação climática
Vozes da Amazônia – Soluções climáticas a partir do território para o mundo