O progresso na COP30 exige urgência e otimismo
Por Karen Oliveira, Diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil.
A realização da COP30 em Belém do Pará é mais do que simbólica — é estratégica. O Brasil abriga a maior parte da Floresta Amazônica, um dos maiores sumidouros de carbono do planeta, e está no centro das discussões globais sobre clima, biodiversidade e justiça socioambiental.
Porém, muitos são ainda nossos desafios: o desmatamento e a degradação florestal continuam sendo grandes obstáculos. Apesar de avanços recentes, a Amazônia ainda sofre com atividades ilegais e falta de fiscalização. Ao mesmo tempo, eventos extremos como secas prolongadas, enchentes e ondas de calor estão se intensificando, afetando diretamente a agricultura, o abastecimento hídrico e a saúde pública. A perda de biodiversidade ameaça não só o equilíbrio ecológico, mas também a segurança alimentar e o potencial da bioeconomia.
Mas, ao mesmo tempo, o Brasil pode ser ponte entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, articulando soluções que combinem justiça climática com ambição, amplificando as vozes da Amazônia, onde indígenas, ribeirinhos, quilombolas e juventudes são os verdadeiros protagonistas da transformação.
O Brasil, no melhor dos espíritos do mutirão, tem resultados de implementação concretos para apresentar como uma matriz energética majoritariamente renovável, posicionando o país como líder natural na transição energética. No financiamento climático tem atraído investimentos internacionais, e vem buscando formas para ampliar mecanismos de financiamento misto e garantir que os recursos cheguem às comunidades locais. E, como vocação natural traz a bioeconomia, como valorização dos saberes tradicionais podendo gerar empregos, conservar a floresta e promover desenvolvimento com equidade.
A COP30 em Belém é uma chance única para o Brasil mostrar ao mundo que é possível alinhar preservação ambiental, desenvolvimento econômico e justiça social. Isto exige urgência, coragem política e inovação.