Notícias

Mulheres da floresta, do campo e das águas da região do Tapajós entregam carta de reivindicações ao governo

16 representantes de diversas comunidades unem-se à Marcha das Margaridas, buscando apoio para o bem viver e conservação ambiental.

mulheres marchando em Brasília durante a Marcha das Margaridas
MARCHA DAS MARGARIDAS Evento reuniu mulheres de diversas partes do país em Brasília, em agosto de 2023. © Juliana Russomano

Uma comitiva de 16 representantes (confira a lista total abaixo*) do grupo Mulheres da floresta, do campo e das águas da região do Baixo Amazonas e Baixo e Médio Tapajós (do Pará) entregou ontem, 15 de agosto, à Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Edel Moraes, uma carta com reivindicações com o objetivo de promover o bem viver e contribuir para conservação das florestas, dos rios e dos lagos.  A carta apresenta demandas relacionadas ao apoio a negócios sustentáveis, a proteção dos territórios, educação, segurança e saúde da mulher e a pesca artesanal.

Hoje, 16 de agosto, o grupo participa da Marcha das Margaridas, mobilização em Brasília e, à tarde, entregarão a carta também aos ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A carta será também protocolada na Presidência da República.

A carta foi elaborada em encontros em Santarém, no Pará, por um grupo de mais de sessenta mulheres das organizações de base comunitária dos territórios da Resex Tapajós Arapiuns, Várzea, Pae Lago Grande e região do planalto de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos. O grupo identificou desafios em comum na luta pelo acesso a políticas públicas. Os encontros preparatórios contaram também com a presença de mulheres pescadoras, que defendem equidade nos direitos de quem exerce a função. A iniciativa é parte do Plano de Ação de Gênero do projeto Águas dos Tapajós, e contou com a parceria do Projeto Saúde e Alegria, além da The Nature Conservancy (TNC) Brasil e da Sapopema.

Na reunião de hoje com o Ministério de Meio Ambiente para a entrega da carta, a secretária Edel Moraes se comprometeu a priorizar a região do Tapajós para se tornar a primeira 100% conectada à internet, incluindo todos os territórios indígenas e de comunidades tradicionais. O Ministério contará também com a ajuda da TNC para cumprir esse compromisso.

“Temos atuado no território para fortalecer as organizações de base. A participação da mulher é fundamental na conservação da natureza. Ter esse grupo de mulheres do Tapajós participando da Marcha das Margaridas representa um encontro inédito entre mulheres do território que vieram, unidas, fortalecer suas vozes”, afirma Juliana Simões, Gerente Adjunta de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da The Nature Conservancy (TNC) Brasil. “A Marcha é o momento em que as mulheres de todo Brasil apresentam suas demandas para o desenvolvimento dos territórios e para o seu bem viver. As reivindicações das mulheres da região dos Tapajós incluem diversos temas que irão contribuir para a agenda ambiental, como a proteção dos seus territórios, o incentivo à sociobioeconomia, à agricultura familiar e à pesca sustentável. Portanto, é o momento de reforçar o protagonismo delas em todos os setores da sociedade, inclusive na conservação do meio ambiente”, complementa Simões.

Durante a Marcha das Margaridas, algumas representantes desse grupo de mulheres comentaram a importância de participar desse momento.

“Estou representando as pescadoras no geral e especialmente as pescadoras do Baixo Amazonas, Novo Progresso, Santarém, toda essa região. Para mim é uma honra muito grande estar aqui, conhecendo várias diversidades de vários lugares”, segundo Talita Omena, presidente da Colônia de Pescadores Z73 e representante da Associação Movimento dos Pescadores do Baixo Amazonas (MOPEBAM)

“Nós mulheres indígenas também somos solidárias a todas as outras mulheres. Então, nesse sentido a Marcha das Margaridas é o momento em que todas as mulheres de todos os biomas, de todas as regiões e estados do Brasil e do mundo vêm falar suas demandas, suas dores, seus conflitos e o que elas querem”, afirma Eli Tupinambá, representante do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA).

“A gente também trouxe reivindicações sobre educação no campo, sobre agricultura familiar, nossas terras e floresta. São várias reivindicações para apresentar ao governo e eu tenho certeza de que seremos atendidas”, comenta Sonia Arapiuns, do Assentamento Pai Lago Grande, da região do rio Arapiuns.

Confira a carta aqui.

*Comitiva de representantes do grupo Mulheres da floresta, do campo e das águas da região do Baixo Amazonas e Baixo e Médio Tapajós na Marca das Margaridas:

1.     MARIA SELMA DE SOUSA MARTINS (FEAGLE)

2.     MARIA ODENILZE MIRANDA (FEAGLE)

3.     ELISANGELA LEAL DA SILVA (STTR)

4.     RUBENIDE MENDES DOS SANTOS (STTR)

5.     MADRIA REGO VIDAL (AMTR)

6.     CLEOCIONE DOS SANTOS BARBOSA (AMTR)

7.     MARIA REGINALVA ALVES GODINHO (TURIARTE)

8.     PRISCILA PEREIRA DO CARMO DINIZ (TURIARTE)

9.     MARLIANE PINTO AMORIM (TAPAJOARA)

10.  JOSILENE ROCHA DOS ANJOS (TAPAJOARA)

11.  ALAIDE MARIA DOS ANJOS FONSECA (CITA)

12.  ELIZÂNGELA MELO DE CASTRO (CITA)

13.  MIRIANE COSTA COELHO (FOQS)

14.  ANA CLEIDE DA CRUZ VASCONCELOS (FOQS)

15.  TALITA CAMPOS OMENA (MOPEBAM)

16.  MARIA JOSÉ SILVA DE LIMA (MOPEBAM)